Em 1979, Three Mile Island entrou para a história ao se tornar o pior acidente nuclear dos Estados Unidos
Em um movimento sem precedentes, a Microsoft firmou um acordo para reativar a usina nuclear de Three Mile Island, na Pensilvânia, nos Estados Unidos, para suprir as intensas demandas energéticas necessárias ao desenvolvimento de inteligência artificial.
O anúncio foi feito na última sexta-feira, 20, e a usina, que estava inativa desde 2019 devido a dificuldades financeiras, tem previsão de retomar suas operações até 2028. Segundo The Washigton Post, este acordo representa a primeira vez que uma usina nuclear descomissionada nos EUA será reativada e, além disso, é a primeira vez que toda a produção de uma única usina nuclear comercial será alocada a um único cliente.
Principais pontos do acordo com a Microsoft
- Capacidade energética: Three Mile Island fornecerá à Microsoft energia suficiente para alimentar aproximadamente 800 mil lares, equivalendo a 835 megawatts.
- Reativação e investimento: o plano de reativação da usina, que custará cerca de US$ 1,6 bilhão à Constellation Energy, depende de subsídios federais sob a Lei de Redução da Inflação de 2022.
- Desafios regulatórios: para que a usina possa ser reativada, a Constellation Energy precisará superar obstáculos regulatórios significativos, incluindo inspeções de segurança intensivas pelo Comissão Reguladora Nuclear dos EUA.
Impacto econômico e ambiental
A reativação de Three Mile Island é vista como um avanço estratégico para a indústria de tecnologia, que busca fontes de energia confiáveis e com zero emissões para sustentar o crescimento exponencial da inteligência artificial.
A usina, famosa pelo pior acidente nuclear na história dos EUA, ocorrido em 1979, está localizada ao lado da unidade que sofreu o colapso do reator, mas agora se destaca como peça-chave na busca por estabilidade energética.
Joseph Dominguez, CEO da Constellation, defendeu a reativação da usina argumentando que ela produzirá uma quantidade de energia limpa equivalente a todas as fontes renováveis construídas na Pensilvânia nos últimos 30 anos.
O acordo também é um estímulo econômico para a região, prometendo criar cerca de 3.400 empregos e gerar US$ 3 bilhões em impostos estaduais e federais, segundo um estudo do Pennsylvania Building & Construction Trades Council.
A Constellation já iniciou testes extensivos na usina, afirmando que a maioria de seus componentes está pronta para funcionar novamente. “A planta está em condições extraordinárias”, disse Dominguez, reforçando que a reativação não trará custos adicionais para os outros consumidores na rede elétrica regional PJM, que serve a 65 milhões de pessoas.
Embora a decisão tenha sido recebida com otimismo por alguns, também levanta preocupações sobre a dependência de subsídios públicos e os impactos para os consumidores de energia elétrica.
Críticos questionam o uso de subsídios federais para beneficiar uma única empresa privada, enquanto defensores da energia limpa sugerem que a tecnologia de IA deveria focar mais em sustentabilidade do que em monopolizar fontes de energia.
“Ele (o acordo) não aborda as questões centrais que estão tornando a prática atual de IA insustentável por definição. (…) Em vez de monopolizar usinas nucleares desativadas, deveríamos nos concentrar em integrar a sustentabilidade à IA”, concluiu Sasha Luccioni, principal executiva climática da startup de IA sustentável Hugging Face.
Ainda assim, a indústria nuclear considera o acordo uma solução sensata e zero-emissões para aliviar a pressão sobre a rede elétrica causada pelos data centers.
“Este acordo é um marco importante nos esforços da Microsoft para ajudar a descarbonizar a rede em apoio ao nosso compromisso de nos tornarmos carbono negativos”, disse uma declaração de Bobby Hollis, vice-presidente de energia da Microsoft.